Praia ou campo, longe ou perto, de carro ou de avião, Rio de Janeiro, Buenos Aires ou Paris. Não importa. Deixe marido, filhos, namorado, estudos e trabalho para trás e curta uma viagem feminina. Viagem para dar risada, para falar de tudo ou nada, de confissões a baboseiras. Coisas de amigas, coisas de mulher.
Quantas vezes numa conversa de happy hour com as amigas do trabalho ou num almoço de família você mesma cogitou ou ouviu alguém lançar a idéia de que gostaria de marcar uma viagem “só da mulherada”? Mas aí passa um dia, depois outro e mais outro, cada uma mergulha a cabeça na rotina e a proposta cai no esquecimento. Aproveite a próxima oportunidade e tome a dianteira. Assuma você o compromisso de procurar hotel, ver passagens, alugar a casa e o que mais for necessário. Comece a mandar e-mail e torpedos para as possíveis candidatas, anexe fotos dos lugares sugeridos e cotação dos serviços. Foi assim que aconteceu comigo há cerca de 4 anos, quando comecei a instigar minha irmã e minha mãe a viajarmos para Paris. Eu já havia estado na cidade em duas ocasiões e elas, nunca. Tudo começou com uma gracinha, um convite inesperado. Não dá. Imagine, minha irmã, com filho de um ano de idade! E meu pai, que nem está acostumado a ficar sozinho! Mas eu sabia que elas também iriam se apaixonar pela idéia, tinham esse direito. Insisti. Muito. Surgiu o sonho, perturbador e inquietante. Da fase do “não” passa-se à fase do “se”. E começaram as contas, a ginástica para coincidirem as férias, a organização da logística para deixar o meu sobrinho. E convencer meu pai… não sei bem de qual parte. E logo virou meta: depois de pouco mais de dois meses, escolhemos a data. Não consigo me lembrar da última vez em que havíamos feito uma viagem juntas. Com certeza, fazia algo próximo de 10 anos. Eu olhava para as três dentro daquele avião e quase não acreditava que tinha dado certo. Mas tinha! Convivemos intensamente e matamos a saudades que, no dia a dia, a gente nem percebe que existe… saudades de ficar juntas, saudades daquilo que cada uma é, daquilo que cada uma gosta. Depois dessa, vieram outras viagens, cada uma com suas peculiaridades, e todas, especiais. Uma delas foi um feriado em Buenos Aires, com minha avó de oitenta e poucos anos de idade, que nunca havia sequer entrado num avião. E lá estavam as duas que toparam ir para Paris. E agregamos mais duas tias. Lembramos de quando ainda conseguíamos reunir toda a família, no interior ou na praia. Lamentamos a ausência da prima engraçada. Fizemos citytour, nos enfiamos em shoppings, comemos e bebemos. A avó se emocionou com o show de tango. Todas nos emocionamos com a viagem. E voltamos querendo mais. E há pouco conseguimos reunir seis amigas na casa de praia, para um fim de semana de risadas… e de choros. Quem vai de carro, quantos carros, quantas pessoas são, quem vai e quem volta com quem, quem dorme aqui, quem dorme ali. Quanta gente falando junto. Nunca havíamos sido tão pontuais. Parecíamos ter respondido ao som de uma sirene: às 18h em ponto estávamos todas fora do banco. E no supermercado picotamos a lista em três para fazer as compras mais rápido. Pelo amor de Deus, ninguém esquece o leite condensado. Nem chuva tirava a gente da areia – ambiente, aliás, bem distinto das baias do escritório. E teve até macarrão caseiro no almoço, já que ninguém sabia fazer churrasco. E caipirinha, muita caipirinha. Ninguém tinha que ir embora para casa mesmo, nem se preocupar com bafômetro. A única preocupação era para que o fim-de-semana não acabasse.
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