A Fondation Cartier acaba de receber duas novas exposições em continuação à comemoração de seu aniversário de 30 anos. No subsolo, a instalação do argentino Guillermo Kuitca, Les Habitants, acolhe os visitantes em 3 ambientes e um misto de sensações. O filme Les Habitants (Artavazd Pelechian) que retrata animais selvagens em plena natureza, é exibido como num cinema e os expectadores podem vididir-se entre bancos e espreguiçadeiras que são “vigiadas”por Tarsila do Amaral (Urutu – 1928) e Francis Bacon. Na sala vermelha em 3D, se escuta na voz de Patti Smith uma história de David Lynch em que um antílope atravessa uma cidade e observa os homens que ali vivem. Entre luzes, cores, sombras, vozes humanas e barulhos de pássaros, num ambiente intimista, natureza humana e instinto animal se confudem, e tornam-se parte de um único universo, ao qual pertencemos todos.
No andar térreo está a intrigante instalação de Diller Scofidio + Renfro, Ballade pour une boite de verre. Numa das salas, um balde motorizado e equipado com uma camêra de video passeia pelo chão, em busca de gotas que de tempos em tempos caem do teto. O que se passa ali, no interior deste balde, é filmado pela câmera e reproduzido simultaneamente na sala ao lado. Mas não numa tela comum. Paralela ao chão e posicionada a menos de um metro do solo, a tela só é acessível ao visitante através das espreguiçadeiras com rodinhas: sim, é preciso se deitar e rolar para debaixo da tela. Efeitos sonoros, bem como visuais – a imensa vidraça da Fondation Cartier se torna opaca – são acionados pelos pingos d’ água. Assim como na outra instalação, todos nossos sentidos são provocados e a interelação entre a obra de arte e a arquitetura levam ao irrefutável questionamento acerca da noção de espaço.
Anote: Fondation Cartier pour l’art Contemporain – 261, boulevard Raspail – 75014; 25.10.2014 a a 22.02.2015; ter/dom. 11h/20h (ter até 22h); ingresso – 10,50 euros; metrô Raspail/linhas 4 e 6.
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