Apollinaire et ses amis – 1909 (imagem Adagp Paris)
Estreiou na quarta-feira passada a exposição de Marie Laurencin no Musée Marmottan de Paris. É a primeira vez que a França dedica uma exposição à obra da pintora. Foi a forma que o Marmottan encontrou, 50 anos após a morte de Laurencin, de fazer uma merecida homenagem à “um dos pinceis mais sedutores da primeira metade do Século”.
Tendo frequentado o círculo de Gertrude Stein e Picasso, estudado ao lado de Braque na Académie Humbert e mantido um relacionamento amoroso com Guillaume Apollinaire, Marie Laurencin, nos seus primeiros anos de trabalho (meados de 1905/1907), frequentou o Bateau-Lavoir (casa no bairro de Montmartre em que moraram Picasso e sua companheira Fernande, Max Jacob, Juan Gris, Modigliani e outros) e conviveu com aqueles que ela nomeou os grandes pintores: Matisse, Derain, Picasso, Braque. A convivência se transformou em influência e Laurencin deu às suas pinturas características nitidamente cubistas. E aos tradicionais retratos – tipo de pintura predileto da artista – Marie Laurencin uniu cores e traços típicos do cubismo, originando assim seu estilo peculiar. A primeira parte da exposição dedica-se a esta fase da pintora.
Com a declaração da Primeira Gerra Mundial, Marie Laurencin partiu em exílio para a Espanha com o marido alemão Otto Van Watjen. É durante o período de 4 anos na Espanha (1914/1919) que Laurencin descobriu Velasquez e Goya no Museu do Prado (Madrid). Obras como Les Deux Espagnoles (1915) e Femme au chien et au chat (1916), entre outras, ilustram o período no Marmottan.
De retorno a Paris (1921), Laurencin passou a frequentar o meio intelectual (Jean Giraudoux, Jean Cocteau, Gaston Gallimard) e a trabalhar para Serge Diaghlev na elaboração de cenário e figurino para apresentações de balé. Também é nesta época que realizou importantes retratos, como de Coco Chanel e Madame Paul Guillaume. Em meados de 1930 ela firmou contrato com o marchant Paul Rosenberg, fator nitidamente importante para sua notoriedade e sucesso. O universo feminino é retratado constantemente nas telas da pintora, demonstrando sua forte predileção pelo tema. Telas como Le Baiser (1927) e Trois Jeunes Femmes (1953) estão na última sala da exposição dedicada às telas de Laurencin. Depois, uma pequena sala exibe alguns desenhos e rascunho. Inclua na agenda!
Le Baiser – 1927 (imagem Adagp Paris)
Anote: Musée Marmottan; 2, rue Louis-Boilly; ter/dom – 10/18h e qui. até 20h; ingresso 10 euros (coleção permanente + exposição); metrô La Muette – linha 9; até 30.06.2013.
Para saber mais sobre a história da arte deste período em Paris, a dica de leitura é o livro Les Bohèmes – Dan Franck, Calmann-Lévy, 1998. Já indiquei ela aqui quando fui à exposição de Modigliani e Soutine na Pinacothèque de Paris. Vale à pena.
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